O Ministério Público vai recorrer da decisão que absolveu o fazendeiro Luciano Bertelli e uma mulher acusados de planejar a morte da servidora pública, Janaína Carrijo. Um vídeo anexado ao processo e que também foi apresentado durante o tribunal do júri, que durou dois dias no fórum de Ribeirão Preto (SP), mostra Luciano agredindo e ameaçando de morte Janaína, nove meses antes do assassinato.

Segundo a família, Janaína instalou a câmera no apartamento onde vivia, na região oeste da cidade, justamente para registrar as ameaças feitas pelo ex-companheiro. Neste dia, Luciano havia descoberto a instalação da câmera. Ele ficou nervoso e partiu para cima de Janaína, segurando ela pelo pescoço. No áudio gravado pela câmera, além da ameaça de morte, Luciano fala que em dez minutos faria uma 'desgraceira'.

Após esse ocorrido, Janaína procurou a Polícia Civil e registrou boletim de ocorrência de ameaça e violência doméstica. Na época, o agressor justificou dizendo que Janaína mandava fotos deles, juntos, para a sua esposa. Luciano também disse que nunca teve um relacionamento sério com a vítima. Afirmou que havia saído apenas algumas vezes e a Janaína então havia engravidado da filha do casal. Esse mesmo argumento foi usado durante o tribunal do júri.|

O QUE DIZ A DEFESA?

Segundo o advogado que representou Luciano no processo, Clóvis Volpe, a Justiça absolveu o réu, porque não reconheceu nenhuma prova dele ter sido o mandante do crime. As gravações de ameaças feitas no passado por Luciano contra Janaína, foram justificadas e não foram suficientes para culpá-lo.

E QUEM MATOU?

Regiane Ferreira, a mulher apontada como intermediadora do assassinato, e que teria recebido cerca de R$ 20 mil para repassar aos executores, segundo a Polícia Civil, também foi absolvida. Ela e Luciano estavam presos desde julho de 2021, e agora, já estão soltos.

Mesmo com a absolvição dos acusados de terem arquitetado o crime, quem de fato matou Janaína continua solto. Os dois homens apontados como executores, Wemerson Luis Barbosa, de 30 anos, e Claudinei Alves da Silva (foto), de 37, estão foragidos.

RELEMBRE O CASO

O crime aconteceu no dia 15 de abril de 2021. Janaína foi executada enquanto dirigia o carro pela rodovia Ronan Rocha. A filha dela, de 11 anos, estava no banco do passageiro e não foi atingida.

Cerca de uma hora antes do crime, o carro de Janaína foi visto em uma sorveteria de Itirapuã (SP). O mandante do crime, Luciano, teria se encontrado com a filha e depois a adolescente entrou no carro da mãe e foi embora com ela, enquanto o pai seguiu por outro caminho.

De acordo com o delegado que conduziu as investigações, Márcio Murari, Janaína e a filha foram atraídas para Itirapuã de maneira proposital. O crime já estava encomendado e quando a funcionária pública pegou a rodovia para ir embora, foi seguida pelos assassinos.

Vídeo: Reprodução/Câmera de Segurança
Fotos: Redes Sociais