Curiosidade, dedicação e muita criatividade: foram essas as características que levaram os estudantes da E.E. Prof. Sérgio Leça Teixeira, em Franca (SP), a montarem uma grande decoração de Festa Junina com pequenas bandeirinhas de papel.
A ideia veio do professor Murilo Henrique Pereira, de 25 anos, que decidiu colocar em prática toda a experiência que adquiriu passeando pelo centro histórico de São Luís (MA): “O projeto surgiu em uma discussão em sala de aula. A gente estudou sobre a Festa Junina e este semestre também pedia a arte do mosaico. E uma vez, eu estive na capital do Maranhão, onde as decorações de mosaico de bandeirinhas são comuns. Então fiz a junção entre as artes visuais, o folclore e a arte do mosaico”.
A ação faz parte do Programa de Ensino Integral (PEI), uma iniciativa do Governo do Estado de São Paulo para a rede estadual de ensino. Animados com o desafio, cerca de 180 alunos do 7º e 8º ano do Ensino Fundamental se organizaram em várias funções para concluir com maestria o projeto, chamado “Explorando Culturas: Decoração com Bandeirinhas em Mosaicos”.
Para a confecção das bandeirinhas, eles utilizaram tecido TNT, fita de metaloide, tesouras e barbante. Entre as crianças que preferiam recortar e preparar as bandeirinhas, também tinham aquelas que se interessavam mais pela montagem do mosaico ou até a correr atrás de novos materiais. E após longos 21 dias, é claro que o resultado não poderia ser mais surpreendente.
“No começo, eles acharam muito difícil. Falavam ‘nossa, professor, como a gente vai formar os desenhos e as combinações das letras?’. Tinha todo um sistema a ser seguido, o tamanho do recorte das bandeiras, o formato delas, a disposição das cores, a quantidade das bandeirinhas. E até na hora da montagem, tinha a questão do espaçamento. Antes não fazia sentido, mas quando eles foram vendo o projeto ganhar forma, ficaram cada vez mais ansiosos para terminar”.
Além de descobrir uma nova percepção sobre as tradições que existem nas outras regiões do Brasil, os estudantes também desenvolveram novas habilidades artísticas, de autoavaliação e de cooperação no trabalho em equipe. E que equipe talentosa, hein?
“Foi um esforço coletivo, cada um teve um papel fundamental. Agora eles observam o trabalho pronto e ficam muito maravilhados por saber que fizeram parte da construção dessa obra”.
Murilo é formado em Artes e pós-graduado em História e Cultura do Brasil, então conhece bem os tabus impostos em várias tradições brasileiras. E muito além do orgulho pelos alunos e o trabalho bem feito, ele ressalta que “colocar a mão na massa” incentiva, justamente, o respeito à individualidade de cada cultura. Sair da teoria e conhecer diferentes modos de viver é a melhor forma de alcançar a tolerância, e é por isso que, todos os anos, o professor introduz os estudantes em novas experiências práticas e visuais.
“A última foi ano passado, no mês da Consciência Negra, em que fizemos releituras de obras do artista francano Abdias Nascimento, além do Tambor de Crioula, uma das principais danças típicas do maranhão, entre outras linguagens”.
Fotos: Acervo Pessoal