Traficantes usam plataformas para vender animais ameaçados de extinção

Autor: Redação Pop Mundi

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18/06/2023

Grupos dedicados à venda de animais exóticos em redes sociais e aplicativos de mensagens se tornaram um grande palco para o tráfico de animais silvestres ameaçados de extinção, além da emissão de documentos que forjam a legalização dos animais, que são capturados da natureza e vendidos até sob demanda.

Nos grupos usados por traficantes, a maior parte dos anúncios é de cobras, lagartos e aranhas, mas não é difícil achar pessoas anunciando animais selvagens de origem ilegal: basta uma simples busca para encontrar posts com a venda de saguis, macacos-mão-de-ouro e macacos-prego. O mesmo vale para araras-azuis e canindés, ambas ameaçadas de extinção.

Os preços de macacos-pregos, por exemplo, variam entre R$ 4 mil e R$ 6 mil. Já a documentação falsificada, que regulariza o animal, sairia por mais de R$ 1,7 mil. Entre as preferências dos traficantes, estão as espécies mais novas e mais carinhosas para facilitar as vendas. Em entrevista a uma reportagem, um traficante de macacos-pregos relatou que a venda desta espécie, em específico, ocorre sob demanda e com um adiantamento de 50% do valor para o fornecedor.

 

PUNIÇÃO

Em julho do ano passado, o Facebook foi multado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em R$ 10,1 milhões devido à venda ilegal de animais silvestres na plataforma. De acordo com o auto de infração, traficantes usaram a rede social para vender ao menos 2.227 espécimes da fauna silvestre nativa sem a devida licença. Dezenas de milhões de animais selvagens são comercializados todo ano no Brasil, e a venda ilegal explodiu com o avanço da tecnologia e as redes internacionais de contatos.

Em nota, o Facebook informou que o “Exóticos Brasil BR”, um dos grupos de tráfico, foi removido por violar as políticas da rede social: “Não permitimos conteúdo sobre compra, venda, comércio, doação ou oferta de espécies em vida selvagem, e removemos tais conteúdos quando tomamos conhecimento deles em nossa plataforma. Usamos uma combinação de tecnologia e revisão humana para aplicar essas regras, e cooperamos com autoridades locais nessa área”.

Segundo dados fornecidos pelo Ibama do Sistema de Gestão dos Centros de Triagem de Animais Silvestres (SisCetas), 191.615 animais provenientes de operações de apreensões foram recebidos pelo sistema só nos últimos quatro anos. Os dados foram contabilizados até o dia 15 de maio de 2023.

 

Fotos: Divulgação/Polícia Rodoviária Federal; Divulgação/Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente

Fonte: Metrópoles