A Polícia Federal realizou uma operação na manhã desta quarta, 3, para investigar a inserção de dados falsos sobre vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde.
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi um dos alvos. A PF cumpriu um mandado de busca na casa dele e apreendeu o celular do ex-presidente.
Na mesma operação, batizada de "Venire", o ex-assessor de Bolsonaro Mauro Cid foi preso. Outras cinco pessoas também tiveram a prisão preventiva decretada. Um deles é secretário municipal de Governo da cidade de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa Brecha.
Segundo as investigações, as informações falsas alvos desta operação foram inseridas nos sistemas do Ministério da Saúde entre os meses de novembro de 2021 e dezembro de 2022, e tiveram como consequência a “alteração da verdade sobre fato juridicamente relevante, qual seja, a condição de imunizado contra a Covid-19 dos beneficiários”.
De acordo com a Polícia Federal, os alvos da operação alteravam as informações para emitir certificados de vacinação e utilizá-los para burlar “restrições sanitárias vigentes imposta pelos poderes públicos (Brasil e Estados Unidos) destinadas a impedir a propagação de doença contagiosa, no caso, a pandemia de Covid-19”.
A PF também afirma que o grupo tinha como objetivo “manter coeso o elemento identitário em relação a suas pautas ideológicas, no caso, sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a Covid-19”. As ações ocorrem no âmbito do inquérito policial que apura a atuação do que seria uma “milícia digital” em um inquérito no Supremo Tribunal Federal aberto em 2021 pelo ministro Alexandre de Moraes.
A expectativa é de que o ex-presidente preste depoimento à Polícia Federal nesta quarta, 3. Pouco depois da operação, Bolsonaro reafirmou que não tomou nenhuma vacina contra a Covid-19 e que ficou “surpreso com a busca e apreensão” na casa de um ex-presidente, que teria ocorrido “pra criar um fato”.
Disse, ainda, que a ex-primeira dama foi vacinada em 2021 nos Estados Unidos com uma dose da vacina da Jansen, mas que a filha Laura não foi imunizada. E que, em lugar nenhum, lhe foi pedido cartão de vacinação. “Não existe adulteração da minha parte”, afirmou.
Bolsonaro disse, ainda, que era pressionado a tomar a vacina contra a Covid, mas que decidiu não se imunizar após ler a bula da dose da Pfizer.
Fotos: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Fonte: Gazeta do Povo