Operação contra imigrantes termina com 1.200 detidos em Moscou

Autor: Redação Pop Mundi

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14/10/2013

A polícia deteve nesta segunda-feira 1.200 pessoas em uma operação contra imigrantes em Moscou, um dia após distúrbios xenófobos pelo assassinato de um jovem russo que deixaram 23 feridos e que mostram um aumento do racismo e do ultranacionalismo no país.

A polícia de Moscou deteve 1.200 pessoas em um mercado atacadista do subúrbio de Biriuliovo, ao sul da capital de Moscou, onde trabalham principalmente imigrantes de países do Cáucaso e da Ásia Central, mas também pessoas provenientes do sul da Rússia, indicou à AFP o serviço de imprensa da polícia.

Estas pessoas foram detidas para verificar seu eventual envolvimento em crimes, explicou a polícia.

Este mesmo mercado foi cenário no domingo de manifestações a gritos de "Rússia para os russos" após o assassinato de um jovem russo na semana passada em uma rua deste bairro por um homem identificado como proveniente do Cáucaso.

Entre os 23 feridos em confrontos entre manifestantes e policiais na noite de domingo, oito pessoas, entre elas dois policiais, foram hospitalizadas, indicou o ministério da Saúde, citado pela agência Interfax.

O prefeito de Moscou, Vladimir Sobianin, anunciou extensas operações policiais nesta segunda-feira, após uma reunião com o presidente Vladimir Putin.

"Foi decidido nesta reunião mobilizar forças adicionais, entre elas os serviços de controle migratório, para restaurar a ordem", declarou Sobianin, citado pela Interfax.

Segundo um jornalista da AFP em Moscou, veículos policiais patrulhavam o bairro de Biriuliovo nesta segunda-feira e os acessos ao mercado estavam bloqueados. Além disso, grupos de moradores seguiam demonstrado sua hostilidade frente aos imigrantes.

O canal Rossia 24 mostrou imagens de fileiras de homens escoltados, com as mãos para cima, por policiais russos.

O prefeito de Moscou também anunciou operações policiais em outros mercados da capital e em locais onde suspeita-se que abrigam imigrantes clandestinos.

"É indispensável para entender a amplitude do problema e ajudar a polícia a encontrar o criminoso (que assassinou o jovem russo na semana passada)", declarou.

Os moradores do bairro de Biriuliovo protestaram no domingo para exigir a prisão do assassino e o fechamento do mercado, considerado por muitos como um viveiro de criminosos, mas a manifestação acabou levando a confrontos violentos.

Diante dos distúrbios, as autoridades colocaram em estado de alerta as forças policiais da capital e enviaram grupos antidistúrbios a Biriuliovo e ao centro de Moscou, onde as autoridades temem que ocorram grandes manifestações ultranacionalistas similares às de 2010.

A polícia anunciou, por sua vez, a prisão de 380 pessoas após os incidentes ocorridos no domingo, que estavam sendo interrogadas nesta segunda-feira.

O autor do assassinato que originou os distúrbios, apontado, segundo o jornal Izvestia, como um cidadão do Azerbaijão, ainda não foi identificado.

A vítima, um jovem de 25 anos, voltava para casa junto a sua namorada quando foi apunhalado.

O assassinato foi gravado por câmeras de segurança e meios de comunicação russos informaram que o suposto assassino é um imigrante do Cáucaso.

A Rússia, que carece de mão de obra, em parte devido a uma grave crise demográfica, acolhe milhares de imigrantes de países asiáticos ou de ex-repúblicas soviéticas.

Estes imigrantes trabalham geralmente clandestinamente em ateliês de confecção ou em mercados de Moscou ou de outras grandes cidades russas e vivem em condições extremamente difíceis.

Paralelamente, o número de manifestações xenofóbicas na Rússia aumentou nos últimos anos, uma mostra do crescente sentimento racista neste país.

Fonte: Estado de Minas