O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, defendeu novamente a alteração da legislação sobre posse de armas de fogo, durante cerimônia, nesse domingo (22), em memória das vítimas do tiroteio de segunda-feira (16) num edifício da Marinha, em Washington.
"Nenhuma outra nação desenvolvida sofre esse tipo de violência. Nenhuma", disse Obama, no Complexo Navy Yard, na zona sudeste da capital americana, onde 12 pessoas e o atacante morreram no tiroteio.
O presidente acrescentou que este novo caso, no centro de Washington, a algumas centenas de metros do Capitólio, sede do Congresso, devia ser visto como um sinal de alerta para todos os norte-americanos.
"As nossas lágrimas não são suficientes. As nossas palavras e as nossas orações não são suficientes. Se realmente queremos honrar esses 12 homens e mulheres, se realmente queremos ser um país onde podemos ir para o trabalho ou para a escola e andar nas nossas ruas, livres de violência sem sentido, sem que tantas vidas sejam roubadas por uma bala de uma arma, vamos ter de mudar", explicou o presidente.
"Aqui, nos Estados Unidos, a taxa de homicídio é três vezes superior à registrada em outras nações desenvolvidas, a taxa de homicídio com armas é dez vezes superior. A principal diferença, e que nos torna suscetíveis a tantos tiroteios em massa, é que não fazemos o suficiente para tirar as armas das mãos dos criminosos e de pessoas perigosas", alertou, citando os casos do Reino Unido e da Austrália, que reforçaram as leis de posse de armas depois de crimes idênticos.
"É fácil arranjar uma arma nos Estados Unidos e essa é a diferença", explicou Obama.
Nos últimos meses, ocorreram vários tiroteios e, depois de cada incidente, o presidente norte-americano tem insistido, sem êxito, no reforço da legislação para controlar a posse de armas.O Congresso norte-americano tem recusado as iniciativas de Obama e de apoiadores e diz que o direito à posse de armas enriquece a Constituição dos Estados Unidos. O presidente reconheceu que será difícil conseguir uma mudança de legislação no Congresso, e pediu que os eleitores norte-americanos se pronunciem a favor de uma reforma.
Em dezembro, 20 crianças e seis adultos foram mortos a tiro numa escola primária de Newtown, no estado de Connecticut, na costa Leste, o que levou Obama a pedir um reforço do controle dos compradores de armas de fogo e uma proibição das espingardas do tipo militar. Essas medidas foram bloqueadas no Congresso, na sequência de uma campanha feroz dos lobbies pró-armas de fogo e da oposição de alguns parlamentares democratas, de estados conservadores.
De acordo com dados publicados este mês pela Polícia Federal norte-americana (FBI), 14.827 pessoas foram assassinadas, no ano passado, no país. Esses números representam uma queda em relação a dados de dez anos atrás, quando 24.526 pessoas foram mortas a tiro e a taxa de homicídios por 100 mil habitantes era 4,7.
De acordo com a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), essa taxa é 0,4 no Japão, 0,8 na Alemanha, 1 na Austrália, 1,1 na França e 1,2 no Reino Unido. Os Estados Unidos são um dos países mais armados do mundo, em que mais de um terço dos norte-americanos, de todas as idades, tem uma arma de fogo.
Fonte: Agência Lusa