Você já foi criança, claro. E, provavelmente, já utilizou de papel carbono para fazer aquele desenho airoso, bacana, e chamar de seu. No entanto, sua marca registrada tem de ser aplicada e você, esperto, modifica uma coisinha aqui e outra acolá. Parece que a Nissan quis remeter aos tempos do velho papel químico com o Note (que atende sob a alcunha de Versa Note no exterior), monovolume que chega para tentar destronar o Honda Fit. A confraria de designers provavelmente pegou o rival, deu aquela copiada básica. Depois, apenas aquelas mudanças pontuais para chamar de seu.

Entressafra complicada

"É um Fit?" Essa pergunta será recorrente nas ruas brasileiras em breve. Note e Fit externamente são como irmãos e essa é uma desvantagem para o substituto do Nissan Livina. O monovolume da Honda está estabelecido no mercado nacional e tem sua legião de fãs. O exterior é tão similar que chega a ser irritante. O desenho dos faróis e da grade se assemelha demais ao do Fit. Outro aspecto que não convence é a paridade nas medidas, o que torna os modelos ainda mais similares.

No interior, a coisa muda para pior. O Fit tem um habitáculo mais útil e bem organizado, além de propiciar boa posição de dirigir. No Note é o inverso. Em termos ergonômicos, altos e baixos. Por falar em altura, os mais altos sofrem com a posição de dirigir no modelo da Nissan, que não é a melhor do mundo para os baixinhos. Além disso, as colunas dianteiras nos fazem sentir como personagens de Ensaio sobre a cegueira, uma lástima que prejudica demasiadamente a visibilidade.

Além disso, os ocupantes do banco traseiro desbundam com tamanho conforto. Porém, num ato de "genialidade", os japoneses se lembraram da esticada de pernas, mas se esqueceram do porta-malas, com 100 litros a menos em comparação com o adversário. São apenas 272 litros de capacidade, pouco para sua proposta.

MECÂNICA O Note tem conjunto mecânico superior ao do seu predecessor (também, se fosse pior.), mas isso não significa muito. Destaque para o câmbio CVT bem acertado e para a resposta precisa do sistema de freio, e só. Negativos? A direção é assistida, porém muito sensível, totalmente voltada para o ambiente urbano, assim como a suspensão molenga. O motor 1.6, mesmo de March e Versa, é espertinho, mas não proporciona prazer algum, ainda mais aliado ao restante da obra.

VEREDITO Apesar da proposta de um monovolume para jovens feita pela montadora como um mantra (porque nem ela mesma deve crer que esse carrinho é para a rapaziada), o Note é deveras insosso e pronto para atender mamães que anseiam por um veículo do naipe. Elas ficarão felizes em saber que o carro maternal chega ao mercado em 2014, importado do México. Mesmo com todas as ressalvas, o monovolume deve vender. Até porque, no mercado nacional há muitos modelos sem sal. E disso a Nissan entende muito.