O Partido Socialista Brasileiro (PSB) decidiu nesta quarta-feira (18) entregar todos os cargos no governo da presidenta Dilma Rousseff. O anúncio foi feito depois de uma reunião da Executiva Nacional do partido, em Brasília. Com exceção do governador do Ceará, Cid Gomes, que se absteve, por não concordar com a opção da sigla, todos os membros da executiva presentes votaram pela saída do PSB do governo. Cid Gomes deixou a reunião sem falar com a imprensa.
A intenção de se afastar do governo começou a ser discutida depois de especulações - não confirmadas pelo Palácio do Planalto - de que a presidenta estaria avaliando dispensar o ministro do PSB. O presidente do partido e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, evitou dizer que a decisão signifique um rompimento com a presidenta Dilma Rousseff, com quem ele vai se encontrar hoje no Palácio Planalto. Campos disse que vai comunicar a decisão do partido em "tom de muito respeito". Segundo ele, o PSB tem pontos de divergência com o Planalto, que eram difíceis de ser explicitados, pelo fato de o partido servir ao governo. "Agora fica mais fácil fazer o debate sem nenhum tipo de constrangimento", avaliou.
O líder do partido na Câmara, deputado Beto Albuquerque (RS), disse que a partir de agora a posição do PSB no Congresso será de independência. "Nós não estaremos na Esplanada dos Ministérios, nos não vamos governar juntos, não teremos cargos no governo, mas as pautas que mereçam mérito terão o nosso apoio, não tenham dúvida nenhuma. Não somos governistas, governistas são aqueles que estão agarrados não em princípios, mas em interesses e, às vezes, no governo a vida toda. Nós não somos governistas, somos independentes", explicou ressaltando que "divórcio é divórcio, amigável ou não".
Albuquerque cobrou que, nos seis estados governados pela legenda (ES, AP, PB, PI, PE, CE), o PT devolva os cargos que ocupa. "Quem pede aqui tem que ser coerente lá na ponta. Seria no mínimo altivo, de algumas lideranças, que nos cobraram nacionalmente, agirem da mesma forma como nós estamos agindo no plano nacional, entregando seus cargos aos nossos governadores", disse.
Apesar da cobrança de Albuquerque, Eduardo Campos, disse que não cabe à Executiva interferir nessa questão. Cada estado vai agir como entender melhor. "É a opinião do líder Beto Albuquerque, mas nós não deliberamos sobre isso, pelo contrário, nós explicitamos que em cada estado a direção estadual vai decidir". Para ele, os governadores do PSB, que desejarem continuar com integrantes do PT em suas equipes, terão liberdade para isso.
O ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, disse estar tranquilo com a decisão do partido. O objetivo, segundo ele, é que Dilma fique à vontade, com liberdade, para fazer as mudanças que julgar necessárias. "Espero poder conversar com ela (Dilma) para agradecer a oportunidade de servir ao Brasil como seu ministro da Integração Nacional", disse Bezerra que aguarda uma reunião com a presidenta.
Além do Ministério da Integração Nacional, o PSB ocupa a Secretaria de Portos da Presidência da República, comandada pelo cearense Leônidas Cristino, que não participou da reunião, porque cumpre agenda no Panamá. No segundo escalão do governo a sigla tem as presidências da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), e da Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), e três diretorias da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf).
Fonte: Agência Brasil