Repetindo o ritmo acelerado do agronegócio nos resultados do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro semestre, o setor mostra força também nos indicadores da balança comercial. Segundo dados da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), US$ 4,8 bilhões em produtos agropecuários foram negociados com o exterior nos sete primeiros meses do ano. O resultado é 11,88% superior aos US$ 4,29 bilhões do mesmo período do ano passado. O aumento das exportações está diretamente ligado à expansão da produtividade do setor. No primeiro semestre, por exemplo, o agronegócio foi o principal responsável por salvar o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e mineiro. Os dados nacionais mostram que no comparativo com o mesmo período do ano passado a soma das riquezas geradas no país subiu 2,6%. Mas quando se faz a discriminação por setor é visível a relevância do agropecuário, que registrou variação foi de 14,7% enquanto indústria e serviços tiveram alta de 0,8% e 2,1%, respectivamente.
Em Minas, no acumulado dos seis primeiros meses do ano, o PIB registrou crescimento de 0,8%, em relação ao mesmo período de 2012. No semestre, o resultado do estado foi determinado pelo aumento de 3,3% na agropecuária e de 1,8% no setor de serviços. Os dados são parte do boletim informativo CEI - Produto Interno Bruto - 2º trimestre/2013, publicado ontem pelo Centro de Estatística e Informações (CEI) da Fundação João Pinheiro (FJP). O primeiro semestre segurou os resultados, tendo em vista que, de abril a junho, o PIB do estado registrou retração de 0,1% em relação ao período de janeiro a março. O balanço é explicado pelo comportamento desfavorável da agropecuária, que representa 8,5% do PIB mineiro e no segundo trimestre apresentou um decréscimo de 11,1%, e pela recuperação da indústria de transformação, que cresceu 2,9%, e da indústria extrativa mineral, que cresceu 2,1%. Já o setor de serviços, que é responsável por 57,9% do PIB mineiro, ficou praticamente estável, com taxa de crescimento de 0,6% de abril a junho. No trimestre passado, a queda dos resultados do agronegócio é justificada pela desvalorização do café no mercado internacional. REFLEXO DO CAFÉ O cenário reflete a queda nos preços da saca de café no mercado internacional. O produto tem registrado recordes negativos nos últimos meses, tendo atingido anteontem o menor valor desde julho de 2009 na Bolsa de Nova York. A saca foi cotada a 115,25 centavos de dólar por libra (peso equivalente a aproximadamente 0,45 quilo). No ano passado, o contrato poderia ser firmado por valor 28% superior. Não à toa, os cafeicultores têm segurado os contratos da próxima safra. Por enquanto, somente 13% da safra atual foram comercializados. Segundo análise da Secretária da Agricultura, o objetivo é "enxugar a oferta excedente". O coordenador da Assessoria Técnica da Faemg, Pierre Santos Vilela, afirma que a participação do agrobusiness no PIB mineiro varia ano a ano entre 20% e 25%. "Este ano o agro está um pouco melhor que o minério", afirma. A avaliação do especialista é que uma mudança de patamar depende de investimentos em processos de qualidade. "É um perfil que não muda no curto prazo, só no médio e longo prazo. É necessário modificar processos produtivos para agregar valor", afirma Vilela, que cita o caso do café do cerrado, marca reconhecida por denominação de origem que garante ao produto um mercado mais refinado. Outra possibilidade é a mudança do tipo de cultura adotada pelos produtores. Atualmente, o nível de produtividade da soja está em patamar elevado, enquanto o milho tem condições de aumentar a quantidade produzida em uma mesma área. "Quem sabe plantar milho não vai arriscar mudar para a soja, mesmo sendo um produto com maior mercado hoje. O contrário também é válido", afirma Pierre.
Fonte: Estado de Minas