Os ministros das Relações Exteriores do Brasil e da Grã-Bretanha, Antonio Patriota e William Hague, conversaram na tarde desta segunda-feira, 19, por telefone, sobre a detenção do brasileiro David Miranda no Aeroporto de Heatrow, em Londres. Patriota e Hague definiram, segundo a agência Brasil, que representantes dos dois países permanecerão em contato na busca de uma solução para o impasse envolvendo o assunto.
Em comunicado, a embaixada britânica afirmou que o assunto está sob responsabilidade da polícia londrina. "Eles (ministros) concordaram que representantes dos governos brasileiro e britânico permanecerão em contato sobre o assunto. Esta continua sendo uma questão operacional da Polícia Metropolitana de Londres", diz a nota.
Na manhã desta segunda-feira, Patriota havia classificado a detenção do brasileiro como uma ação "injustificável". Miranda é companheiro do repórter do jornal inglês The Guardian Glenn Greenwald, que divulgou informações sobre o esquema de espionagem do governo americano.
Miranda foi interrogado e ficou detido por nove horas no aeroporto de Heathrow, em Londres, quando fazia uma conexão entre Berlim e o Rio de Janeiro. Após ser liberado pelos policiais da Scotland Yard, o brasileiro, de 28 anos, embarcou em outro voo na noite de domingo e desembarcou na manhã desta segunda-feira no Aeroporto Internacional do Galeão - Tom Jobim, no Rio de Janeiro.
Patriota condenou os "desmandos e desvios" que vêm sendo cometidos em nome do combate ao terrorismo no mundo. Segundo o ministro, há vários exemplos desse tipo de desmando, entre eles o enquadramento de pessoas mesmo sem justificativa devido à suspeita de envolvimento delas com o terrorismo.
"Reconhecemos que é um combate legítimo, que precisa ser articulado de forma a impedir que vidas inocentes sucumbam a atos de violência gratuita, mas também precisa se inspirar nos ideais de multilateralismo, direito internacional e racionalidade", acrescentou o ministro brasileiro.
EUA. A Casa Branca afirmou, nesta segunda-feira, que autoridades americanas foram avisadas antes da prisão de Miranda, mas não pediram à Grã-Bretanha para deter e interrogar o brasileiro. "Essa é uma decisão que eles tomaram por conta própria", disse o porta-voz da Casa Branca a repórteres.
Fonte: Reuters