Trânsito de Franca já matou 34 em menos de seis meses

Autor: Thiago Garcia

Fonte:

23/06/2018

A jovem Karolina Martins Pandolfi, de 22 anos foi mais uma vítima no trânsito de Franca (SP) e o número de mortes não para de crescer e tem preocupado motoristas e autoridades. Com a estudante, somente neste ano, 34 pessoas morreram em ruas, avenidas e rodovias da cidade e o excesso de velocidade, falar ao celular enquanto dirige, embriaguez ao volante e a ausência do cinto de segurança são as principais causas de acidentes.

De acordo com tenente Régis Antônio Mendes, da Polícia Militar, a situação é motivo de alerta. “É um número que nos preocupa, pois mostra uma tendência de aumento em relação ao ano passado que já foi alta”, disse.

Tenente Regis Antônio Mendes falou da situação preocupante durante entrevista na Rádio Imperador e Pop Mundi

Em 2017, foram 47 mortes registradas e um aumento de 38% com relação a 2016. Desse total, 21 foram motociclistas e Franca supera ainda o Estado de São Paulo, 44% contra 34,7%. “Algumas pessoas podem questionar se Franca tem mais motos de que carros, mas isso não corresponde ao percentual de morte. Pelo estudo feito, a média da frota francana de motocicletas gira em torno de pouco mais de 26%, sendo que no Brasil é de 27%”, explicou o PM.

Os números também são assustadores quando o assunto é fiscalização. De acordo com os últimos dados levantados pela Polícia Militar, foram feitas neste ano, 757 autuações por embriaguez ao volante, envolvendo os motoristas que passaram pelo teste do bafômetro e aqueles que se recusaram, contra 1.031 de 2017.

Os dados acima, mostram um comportamento contrário ao apresentado pelo Estado de São Paulo durante os 10 anos da Lei 11.705/2018, conhecida popularmente como Lei Seca. Segundo reportagem divulgada pela Folha de São Paulo, 2017 foi o ano recorde de testes feitos pelo departamento, foram 78.009 abordagens e as autuações caíram 6,6%.

Quando o assunto é relacionado ao sexo, a diferença é alarmante. No trânsito francano, de cada 10 vítimas fatais, menos de duas são mulheres. Os homens representam 82,98% e uma pesquisa de campo feita pela polícia francana durante três dias em regiões diferentes mapeou 100 condutores dos sexos masculino e feminino e as 300 autuações em horários diferentes mostraram que as infrações se dividiram em 50% entre homens e mulheres.

Dados da PM apresenta números do trânsito em Franca (Foto: Divulgação)

Para o tenente Régis, isso mostra que elas também são infratoras, mas uma constatação preocupa. “O que nos chama a atenção é que dos 5 ou 6 autuados por limite acima da velocidade permitida, todos eram homens. Essa velocidade maior em um acidente pode causar a morte”, o que pode explicar a diferença de vítimas fatais registrada no ano passado.

Em cima de todos esses resultados, a Polícia Militar tem intensificado as campanhas de orientação e conscientização no trânsito e mantém semanalmente a Operação Direção Segura (ODS), mas a mudança desse cenário não depende apenas dessas ações, segundo o tenente. É preciso uma mudança no comportamento dos motoristas, pedestres e de todos envolvidos no trânsito, principalmente ao respeito às leis e sinalizações. Se não mudar e continuarmos nessa toada poderemos passar de 60 mortes no trânsito”. 

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