Os protestos que ocorrem no Brasil há cerca de duas semanas estimulam a mobilização de trabalhadores portugueses, que na última quinta-feira (27) fizeram uma greve geral em todo o país. A avaliação é de Armênio Carlos, secretário-geral da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP), a maior central sindical do país e principal responsável pela paralisação.
"O que se passa no Brasil nos dá mais ânimo, nos dá mais incentivo e também foi um fator mobilizador para a greve geral que hoje realizamos", disse o sindicalista à Agência Brasil. Segundo ele, as mobilizações políticas podem ter um "contágio positivo" de um país para outro.
Armênio Carlos garante que os portugueses estão atentos quanto ao pacote. "Se o governo continuar a avançar com essas medidas para continuar a reduzir a despesa social , vai ter que se confrontar com a mobilização dos trabalhadores", alertou.
O dirigente sindical da CGTP não informou números da adesão da greve. Conforme a emissora pública Rádio e Televisão de Portugal (RTP), a adesão foi mais forte entre funcionários das empresas estatais e dos serviços públicos do que entre os das empresas privadas. Os setores mais afetados foram transportes, saúde, finanças (atendimento ao contribuinte) e coleta de lixo. Entre as empresas privadas, a produção de 600 carros ao dia parou na fábrica da Volkswagen (Autoeuropa) no distrito de Palmela, no Centro-Sul do país.
Foto: Agência BrasilConforme Carlos Silva, secretário-geral da União Geral dos Trabalhadores (UGT), a segunda central sindical de Portugal, mais de 50% da base (cerca de 250 mil trabalhadores) aderiram a greve. Esta foi a primeira greve geral que a UGT participa contra o governo de Pedro Passos Coelho.
Não houve registro de grandes incidentes durante a greve. A polícia teve que intervir em alguns piquetes e foi chamada para retirar no final do dia cerca de 150 manifestantes que tentaram fechar a ponte 25 de Abril (sobre o Rio Tejo), que faz a ligação entre Lisboa e a região do Alentejo.
Fonte: Agência Brasil