A indústria paulista fechou 26 mil vagas na passagem de julho para agosto, o equivalente a uma queda de 0,90%, na leitura sazonal. Os dados são da Pesquisa de Nível de Emprego da Fiesp e do Ciesp, divulgados nesta quinta-feira (17/9).
O Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) das entidades também revisou para baixo a estimativa para o emprego industrial em São Paulo.
"Da última vez nós havíamos dito que temíamos uma perda de 200 mil empregos da indústria de transformação em 2015. Após o mês de agosto, já nos parece que está mais próximo dos 250 mil empregos a menos", projetou Paulo Francini, diretor do Depecon. "Realmente saímos do surto e fomos à epidemia da perda de empregos", completou.
O Depecon também revisou para baixo o prognóstico para o Produto Interno Bruto da indústria de transformação para uma queda de aproximadamente 9%. Anteriormente, a equipe econômica da Fiesp e do Ciesp esperava perda de 8% para o PIB do setor. "É uma queda trágica". A previsão para o PIB do país continua apontando para uma queda de 2,5% este ano.
Números de agosto
No acumulado do ano, segundo o Depecon, a indústria paulista já acumula um saldo negativo de 119 mil empregos. Este é o pior período comparativamente da série histórica da pesquisa, iniciada em 2006. Se comparado com agosto de 2014, o resultado é ainda pior: são 216 mil vagas a menos que no mesmo mês do ano anterior.
"Em 2009 tivemos coisa semelhante a essa e perdemos só 110 mil empregos. Em 2015 vamos perder mais que o dobro", acrescentou Francini sobre o saldo de empregos no setor no final do ano. Do total de demissões em agosto, 1.624 foram realizadas pelo setor sucroalcooleiro e 24.376 pelo restante da indústria.
A pesquisa do Depecon sonda a situação do emprego em 22 setores em todo o Estado. No levantamento de agosto, 17 anotaram baixa em seu mercado de trabalho, três ficaram estáveis e dois registraram contratações. No campo das demissões, destaque para a indústria de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos, que fechou 5.116 postos de trabalho. Já entre as contratações, o setor de alimentos se destacou com a criação de 338 vagas, em função da demanda por produtos alimentícios típicos de final de ano, como o panetone.
Segundo Francini, essas contratações da indústria de alimentos começaram a "ocorrer em agosto, mas nem de longe suportam a perda de outros setores. É insuficiente para gerar um saldo positivo"
Regiões
Das 36 regiões consultadas pelo Depecon, 29 informaram demissões, seis contrataram e uma se manteve estável.
A região de Matão foi que a registrou a alta mais expressiva no emprego industrial, com ganho de 2,23% em agosto ante julho, em meio a contratações pela indústria de máquinas e equipamentos (5,67%).
Santos também se destacou, com alta de 1,25%, influenciada pelos setores de confecção de artigos de vestuário (10,96%), em meio à chegada do verão e do aumento da procura por moda praia, e de produtos químicos (2,38%). E São José dos Campos registrou aumento de 0,54% no saldo de empregos, impulsionado pelo segmento de produtos alimentícios (5,37%) e pela indústria de equipamentos de transporte (0,41%).
Entre as perdas, destaque para Sertãozinho, que caiu 4,99%, influenciado por perdas nas indústrias de produtos de metal (-14,48%) e de máquinas e equipamentos (-10,93%).
Em Piracicaba, o emprego caiu 3,83%, abatido por perdas nas indústrias de máquinas e equipamentos (-8,52%) e de produtos alimentícios (-2,05%). E a região de Bauru perdeu 2,83% em emprego no mês pressionado pelos setores de produtos de metal (-26,12%) e de confecção de artigos de vestuário (-5,14%).