No estado de São Paulo, o mercado de tilápia - peixe de água doce também conhecido como Saint Peter - tem potencial para expandir suas vendas não apenas para o Brasil, mas também para o exterior. Mas, para isso ocorrer, o setor precisa superar alguns entraves como o Custo Brasil, o aumento da escala de produção e melhorar a competitividade do peixe colocado à venda.
"Em 2014 foram exportadas apenas 56 toneladas de tilápia aos Estados Unidos, enquanto a China, maior exportadora mundial desse peixe, exportou mais de 172 mil toneladas", aponta a cientista de alimentos Débora Rosche Ferreira Planello, autora de um estudo sobre o tema na Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP, em Pirassununga. Na pesquisa, Débora constatou que as pessoas gostam muito de tilápia e demonstraram a intenção de aumentar o consumo nos próximos anos.
A produção de tilápia em São Paulo está concentrada no oeste paulista, na região de Santa Fé do Sul, município a cerca de 600 quilômetros da capital paulista. A pesquisadora entrevistou produtores, representantes do varejo e consumidores finais, além de levantar dados já existentes na literatura.
"Percebemos que é um setor muito fechado e tivemos uma certa dificuldade de levantar alguns dados, como por exemplo, preço de ração. Em relação aos produtores, não conseguimos entrevistar todos que tínhamos planejado", afirma. O objetivo era saber o volume processado e para quem o peixe é vendido (restaurantes, consumidor final ou supermercados). Para viabilizar a conclusão do estudo, especialistas do setor foram consultados e contribuíram com informações.
Débora entrevistou representantes de duas grandes redes varejistas do estado, para levantar as demandas desse setor. Em relação aos consumidores, foram entrevistadas 203 pessoas. O objetivo foi descobrir hábitos e preferências de consumo. Os participantes responderam perguntas como: qual proteína animal é a mais consumida e qual é a preferida; quanto é o consumo de tilápia; se no momento da compra não encontrar tilápia para vender, o que a pessoa faz, entre outras.
"Em São Paulo o consumo ainda é menos de 100 gramas de tilápia por semana. O maior consumo está concentrado nas classes com renda abaixo de R$ 2.490,00 segundo os dados da POF. O salmão é o peixe que os consumidores costumam substituir caso não tenha tilápia para vender. E o motivo mais apontado por consumidores como sendo a causa de não consumirem mais foi 'não ter o hábito de comprar'", relata a pesquisadora.
Peixe inteiro x filé
Uma das surpresas da pesquisa, segundo Débora, foi a constatação de que o peixe inteiro é mais consumido que o filé. O peixe inteiro costuma ser comercializado fresco; o filé é vendido fresco ou congelado (embalado). Em uma pesquisa de preços realizada entre janeiro e abril de 2015, Débora encontrou preços que variaram de R$ 7,80 a R$ 9,60 o quilo para a tilápia inteira; e de R$ 31,00 a R$ 41,00 para o filé.
Segundo os varejistas, há espaço para vender mais e, quando não conseguem atender a demanda com a produção estadual, compram tilápia de outros estados. "A regularidade do fornecimento de produtos com qualidade é fundamental para conquistar o consumidor e fidelizá-lo. Muitos consumidores informaram não encontrar tilápia no supermercado onde fazem compras de alimentos", revela.
O Custo Brasil da produção e processamento de tilápia foi considerado muito alto pelos produtores, e isso foi apontado como um dos entraves para a competitividade da indústria paulista, pois encarece o produto final, principalmente o filé. Outro problema é que a maioria dos produtores são de pequeno e médio porte e a escala de produção ainda é pequena. "Com produção em escala, os custos se diluem e a compra de insumos pode ser favorecida, podendo influenciar o custo final do produto", destaca Débora.
A pesquisa Estudo exploratório do mercado da tilápia no estado de São Paulo foi apresentada em julho ao Programa de Pós-graduação em Gestão e Inovação na Indústria Animal (Mestrado Profissional) da FZEA, sob a orientação do professor Augusto Hauber Gameiro, do Departamento de Nutrição e Produção Animal (VNP) da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP, em Pirassununga.
A associação de cirurgia de catarata e transplante lamelar de córnea devolveu a visão a um paciente de 30 anos, portador de catarata e ceratocone. "No Brasil, esta é a primeira vez que as duas cirurgias são feitas ao mesmo tempo e só existe o relato de uma outra feita no mundo", conta o médico Roberto Pinto Coelho, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) da USP.
O procedimento rendeu ao médico o prêmio de melhor cirurgia apresentada durante o oitavo Congresso Brasileiro de Catarata e Cirurgia Refrativa, que aconteceu em junho, na Bahia. Com o prêmio, o caso será apresentado em 2016 nos Estados Unidos, no Congresso Anual da American Society of Cataract and Refractive Surgery (ASCRS).
Complexidade
A associação dos procedimentos torna a cirurgia difícil e tecnicamente complexa, segundo o Coelho. O médico combinou as técnicas de facoemulsificação e transplante lamelar de córnea. Na facoemulsificação é feita uma incisão na córnea de cerca de 3 milímetros (mm) para fragmentar e aspirar o cristalino doente. Esse cristalino é retirado e no seu lugar implantada uma lente intra-ocular que fará o paciente enxergar com mais nitidez. Já o transplante lamelar de córnea é um procedimento onde somente a parte doente da córnea (o estroma corneano) é retirada. A parte sadia, a membrana de descemet (uma das camadas do olho) e o endotélio, é mantida.
Segundo o médico, a cirurgia é minuciosa, pois "a córnea tem 530 micra (milésimo de milímetro) de espessura e a camada preservada, onde estão as principais células da córnea, tem 20 micra de espessura".
As camadas, diz, são precisamente separadas por uma injeção de ar, técnica conhecida como Big Bubble (grande bolha). "É uma técnica complexa que se torna muito mais difícil de ser realizada quando associada à cirurgia de catarata, mas é a melhor opção para pacientes com catarata e ceratocone avançados", afirma o médico.
Para Coelho, essa técnica é importante, por diminuir a probabilidade de rejeição e outras complicações a longo prazo, além de oferecer reabilitação visual rápida.
Catarata e Ceratocone
A catarata é uma doença comum em pacientes de idade mais avançada, mas em alguns casos pode aparecer mais cedo, quando é genética, por exemplo, ou pode ser ocasionada por algum tipo de lesão na visão, como traumatismo, diabetes, uso de medicamentos. Segundo Coelho, a catarata atinge 50% das pessoas acima de 50 anos, 80% acima de 70 anos e chega a atingir 100% daquelas acima de 80 anos.
Já o ceratocone é uma doença progressiva que deforma a córnea provocando o afinamento progressivo das camadas corneanas. À medida que a córnea vai se tornando afinada o paciente percebe uma baixa da acuidade visual, que pode ser moderada ou severa. "Uma a cada 2 mil pessoas desenvolve ceratocone", conclui Coelho.
Fonte: Agência USP