Os emaranhados de fios em postes públicos e as diversas obras de escavação para instalação de cabos convencionais de fibra óptica nas vias públicas podem estar com os dias contados.
O Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD) e a empresa Prysmian assinaram, em São Paulo (SP), projeto que irá desenvolver microcabos ópticos visando facilitar a implantação de redes de telecomunicações e atender à crescente demanda das operadoras.
O CPqD é uma das 13 unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii). O valor total do contrato de pesquisa e desenvolvimento é de R$ 1,5 milhão, os investimentos são divididos entre a Embrapii, CPqD e a Prysmian.
Melhor aproveitamento
Os microcabos terão o núcleo compactado, acomodando a mesma fibra óptica dos cabos atualmente disponíveis no mercado. A compactação permitirá o melhor aproveitamento do espaço e atenderá uma maior quantidade de operadoras de telecomunicações ou eventuais necessidades de expansão das redes existentes. Uma das principais vantagens é a instalação em microdutos, cuja escavação dispensa a necessidade de obstrução das vias públicas.
"É um sistema menos invasivo do que a tecnologia convencional, pois a vala consiste em um corte na pavimentação de aproximadamente 3 cm de largura por 30 cm de profundidade", explica o gerente de Desenvolvimento de Tecnologia do CPqD, Ricardo Zandonay. "A instalação é rápida, não deixa resíduos e a recuperação do pavimento é realizada imediatamente após a acomodação do microduto".
Expertises
A Embrapii é uma organização social supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), criada com o objetivo de atender as demandas empresariais, compartilhando riscos na fase pré-competitiva da inovação. O foco é unir o conhecimento dos institutos de pesquisa de alta competência com a expertise e demandas das empresas em suas áreas, produzindo materiais e técnicas inovadoras para dar competitividade para a indústria brasileira.
De acordo com o diretor de Planejamento e Gestão da Embrapii, José Luís Gordon, o projeto entre o CPqD e a Prysmian comprova que o modelo de parcerias idealizado para organização social dá certo e dará mais resultados. "Todo este processo, do começo ao fim, acontece com agilidade e flexibilidade. Desta forma, é possível fechar o projeto no timming que a indústria demanda em termos de inovação", ressalta Gordon.
Os desafios da nova tecnologia estão na instalação dos microcabos nos microdutos. Como suas dimensões são menores, não é possível usar a técnica convencional de instalação, em que o cabo óptico é puxado dentro do duto.
"O microcabo deste projeto, incluindo sua metodologia de instalação, representará um grande avanço para a viabilização da construção de novas redes de acesso sob condições adversas", afirma o vice-presidente de Pesquisa e Desenvolvimento do CPqD, Alberto Paradisi.
O CPqD dará apoio ao desenvolvimento do microcabo e validação dos protótipos, além do desenvolvimento dos procedimentos de ensaios laboratoriais a serem utilizados na certificação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e da realização de um teste piloto em campo.
Fonte: Ministério de Ciência e Tecnologia