A Organização das Nações Unidas (ONU) alertou segunda-feira (27) para o risco de a República Centro-Africana tornar-se o país com a maior crise humanitária do mundo, estimando que 900 mil pessoas foram deslocadas à força desde a eclosão da violência no país, em dezembro de 2013.
"A crise está rapidamente tornando-se a maior crise humanitária - e esquecida - do nosso tempo. Há mais de 460 mil refugiados centro-africanos nos países vizinhos e 436 mil pessoas estão deslocadas internamente. Na República Centro-Africana, 2,7 milhões de pessoas estão precisando de ajuda humanitária", informou o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados.
Em nota, a agência da ONU disse que os programas de assistência humanitária, tanto para a República Centro-Africana, quanto para o plano de resposta regional para os refugiados permanecem dramaticamente subfinanciados, com recursos de 14% dos 565 milhões de euros destinados a programas de assistência humanitária dentro do país, e 9% dos 305 milhões de euros solicitados para os projetos de auxílio aos refugiados nos países vizinhos.
"O financiamento atual para a estratégia de resposta humanitária não nos permite assegurar a proteção de todas essas pessoas deslocadas ou fornecer o mínimo do que é necessário para satisfazer as enormes necessidades humanitárias", disse Claire Bourgeois, coordenadora humanitária da ONU no país.
De acordo com o Acnur, os conflitos entre as fações armadas prosseguem na região central do país, impedindo que muitas pessoas retornem às suas casas, enquanto as autoridades de transição, com o apoio da comunidade internacional, estão tentando restabelecer a ordem pública.
Citada no comunicado, a coordenadora regional do Acnur, Liz Ahua, disse que "é fundamental que a comunidade internacional não se esqueça da República Centro-Africana, até porque progressos importantes foram feitos e não podemos permitir que os ganhos ser desfaçam devido à falta de financiamento e de apoio".
Desde dezembro de 2013, a República Centro-Africana enfrenta sucessivos casos de violência protagonizados por milícias muçulmanas, partidárias dos rebeldes do Séléka, e cristãos denominados anti-Balaka.
O país é palco de violência inter-religiosa desde que o presidente François Bozizé foi afastado do poder, em março de 2013, pela coligação muçulmana, a Séléka.
Fonte: Agência Brasil