Valor mensal das dívidas dos brasileiros chega a R$ 16,1 bilhões, com crescimento de 8% sobre o registrado no ano anterior
Foto: Reprodução
Em um ano, o volume de famílias endividadas no Brasil cresceu quatro pontos porcentuais: de 59% registrado em 2012 para 63% em 2013 (mesma porcentagem apontada em 2011). No período, houve um acréscimo de 770 mil famílias com algum tipo de crédito ou financiamento. O valor mensal dessas dívidas também aumentou: R$ 16,1 bilhões ante R$14,9 bilhões do ano anterior - diferença de 8%. As informações fazem parte da quarta edição da Radiografia do Endividamento das Famílias Brasileiras, realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
Ainda assim, a parcela mensal das dívidas por família recuou 1,5%, passando de R$ 1.869 para R$ 1.840. Essa queda contribuiu diretamente para manter o comprometimento da renda em 30% - nível considerado razoavelmente adequado para não sinalizar um eventual risco de estouro de inadimplência, segundo a assessoria econômica da Federação. Os dados comparativos de 2011, 2012 e 2013 têm como fontes o IBGE e a Confederação Nacional do Comércio (CNC).
No ano passado, a média do saldo de crédito com recursos livres para pessoa física no País foi R$ 738,2 bilhões, representando cerca de 17% do PIB para pessoas físicas. Para os economistas da Entidade, esse baixo porcentual demonstra que ainda existe um grande espaço para expansão de empréstimos à população brasileira, desde que haja critérios rigorosos de segurança na hora da oferta.
Nos últimos três anos a inadimplência das pessoas físicas tem se mantido em padrões aceitáveis. Em 2013, por exemplo, 13,9% dos endividados tinham parcelas vencidas há mais de 15 dias, 1,5 ponto porcentual abaixo de 2012. A inadimplência de curto prazo - de 15 dias a três meses - abrangia, no ano passado, 6,6% do total de famílias com dívidas e a de longo prazo - acima de 90 dias - 7,2%.
São Paulo eleva dívida em 9,5%
Na capital paulista, com a maior população no País, o valor mensal de dívidas das famílias em 2013 foi de R$ 3,2 bilhões em média, após crescimento de 9,5% em relação ao ano anterior - acima da variação média brasileira, de 8,0%. De 2011 para 2012, o aumento em São Paulo/SP havia sido de 11,5% contra 1,6% em todas as capitais, em média. A assessoria econômica da FecomercioSP avalia que o resultado se deve, entre outras coisas, à maior oferta de crédito à população paulistana. Nos últimos três anos o nível de endividamento da capital paulista vem subindo: em 2011 era de 47% do total; em 2012 cresceu para 49%; e em 2013 chegou a 53%. Ainda assim, a capital que registrou o maior porcentual de famílias endividadas foi Curitiba/PR, com 87% do total, seguida por Florianópolis/SC (86%).
Já a maior variação de crescimento das dívidas entre as capitais foi a de Manaus, no Amazonas, com 49% de alta, seguida por Belém/PA (46%), Campo Grande/MS (39%), Boa Vista/RR (38%) e Salvador/BA (36%). Por outro lado, a capital de Minas Gerais, Belo Horizonte, teve a maior redução no volume de dívidas das famílias: -21%. Entre as cinco capitais que mostraram recuo nos gastos ficaram, ainda, Aracaju/SE (-20%), Cuiabá/MT (-19%), Porto Alegre/RS (-19%) e Fortaleza/CE (-15%).
A capital amazonense também aparece com o maior volume de famílias inadimplentes (35%), bem acima da média das 27 capitais (21%). Em sentido oposto, Palmas/TO se destacou com a menor taxa de contas em atraso: apenas 8%. Aracaju/SE, no entanto, foi a cidade que conseguiu a maior variação positiva - reduziu em 25 pontos porcentuais o número de famílias endividadas, passando de 45% para 20% em 2013.
Já em relação aos maiores valores mensais de dívida por família, Vitória/ES lidera o ranking, com R$ 3.298 e em segundo lugar ficou a capital catarinense, com R$ 3.094. A menor dívida média familiar foi registrada em Fortaleza, com R$ 711 - queda de 35% se comparado a 2012.
De acordo com a Federação, os dados revelam que o consumidor está mais cauteloso na tomada de crédito - principalmente pela alta dos juros - o que justifica a estabilidade do nível de inadimplência. Esse comportamento impactou diretamente no desempenho do varejo, que registrou aumento bem abaixo da média de anos anteriores e que ainda persiste em 2014. Além disso, segundo a Entidade, o comprometimento médio da renda com dívidas se manteve aos 30%, patamar considerado saudável.
Os economistas da Federação observam ainda que a tendência é de o mercado de famílias tomadoras de crédito ficar ao redor de 60% do total - asseguradas pela renda e pelo emprego em níveis positivos, seja para consumo ou para quitação de dívidas. De toda forma, esse cenário pode se modificar, caso a inflação se mantenha em patamares elevados por um período maior.
1 - Porcentual de famílias endividadas
Cinco maiores
Curitiba - 87%
Florianópolis - 86%
Brasília- 84%
Belém - 78%
Palmas - 78%
Cinco menores
Porto Alegre - 60%
Cuiabá - 60%
São Paulo - 53%
Belo Horizonte - 53%
Goiânia - 46%
2 - Número absoluto de famílias endividadas
Cinco maiores
São Paulo - 1.842.302
Rio de Janeiro - 1.194.228
Brasília - 660.300
Salvador - 512.206
Fortaleza - 488.112
Cinco menores
Macapá - 77.480
Vitória - 69.550
Rio Branco - 67.719
Palmas - 54.440
Boa Vista - 49.769
3 - Parcela mensal comprometida com a dívida
Cinco maiores
João Pessoa - 44%
Teresina - 44%
Maceió - 40%
Boa Vista - 40%
Manaus - 39%
Cinco menores
Salvador - 28%
Belo Horizonte - 26%
São Luís - 26%
Porto Alegre - 25%
Fortaleza - 21%
4 - Valor médio de dívida por família
Cinco maiores
Vitória - R$ 3.298
Florianópolis - R$ 3.094
Belo Horizonte - R$ 2.648
Rio de Janeiro - R$ 2.416
Brasília- R$ 2.374...
Veja também:
Produção industrial cresce 0,7% em julho
Confira a agenda de hoje dos candidatos