Entre os eletrônicos e eletrodomésticos comprados no Brasil, 45% dão defeito antes de completarem dois anos de uso. Os campeões são as câmeras fotográficas, os computadores e os tablets. E quando quebram, 74% dos consumidores preferem substituí-los por um novo, sem recorrer às assistências técnicas, devido ao custo.
Estas são algumas das conclusões de pesquisa realizada pela Proteste (Associação de Consumidores) sobre a percepção dos consumidores quanto à durabilidade dos eletrodomésticos e eletrônicos. O resultado foi apresentado no XII Seminário Internacional Proteste de Defesa do Consumidor, realizado em São Paulo nesta quarta-feira (27).
Diante dos resultados da pesquisa, a Proteste está lançando uma campanha pelas redes sociais para ampliar o prazo da garantia legal, que hoje é de apenas três meses, para dois anos. Na petição para mudar a lei, é justificado que se a garantia fosse mais longa, os fabricantes tenderiam a investir em produtos mais duradouros. A garantia legal dos produtos na maior parte do Reino Unido é de seis anos. E no restante da Europa é de dois anos.
Os consumidores ficariam mais tempo com os equipamentos se não tivessem custos para reparo. Dessa forma, ganhariam todos: os consumidores e o meio ambiente, com menos descartes.
Resultado da pesquisa
Para a maioria dos 800 entrevistados (62%), o defeito se verificou pouco depois de a garantia terminar. A pesquisa apontou que mesmo quem procurou por uma assistência técnica antes de comprar outro produto, não optou pelo conserto (81%), pois o preço cobrado pelo serviço era elevado.
Com a presença de representantes de associações de consumidores de outros países, o seminário discutiu se a troca por um novo é inevitável, diante da durabilidade dos produtos. A ampliação da garantia legal para, pelo menos, dois anos, foi uma das reivindicações do seminário. E que a vida útil do produto passe a ser informada no manual, atendendo ao direito à informação, garantido pelo Código de Defesa do Consumidor.
A pesquisa realizada pela Proteste entre 13 de junho a 18 de julho último, em todo o país, e envolveu domicílios em que pelo menos um produto eletrônico ou eletrodoméstico tivesse sido comprado nos últimos doze meses, dentre eles: ar-condicionado, câmera fotográfica, celular, computador, ferro de passar, fogão, micro-ondas, geladeira, impressora, lavadora, liquidificador, secador de cabelo,tablet, televisão e ventilador.
Os respondentes pertencem às classes A, B e C, sendo que a maioria deles (80%) tem mais de 30 anos de idade. Grande parte dos entrevistados (70%) é do sexo feminino. Foram entrevistadas apenas as pessoas que afirmaram serem os tomadores de decisão de compra da casa.
Para 60% dos entrevistados que compraram outro produto e decidiram manter aquele que deu defeito em casa, a razão para tal é a esperança de um dia tê-lo consertado. Porém, mesmo com boa vontade, nem sempre isto é possível, pois eles não encontram peças de reposição no mercado. De acordo com a lei, os fabricantes deveriam oferecer peças durante toda a vida útil dos aparelhos. Aqueles menores, como secadores de cabelo e ventiladores, são os que mais ficam sem conserto nas casas dos consumidores após serem substituídos.
Tudo isso aumenta, e muito, a quantidade de lixo tecnológico acumulado nas casas e jogado no meio ambiente. Menos de 3% dos participantes afirmaram terem devolvido à loja os produtos substituídos por um novo. E outros 3% entregaram em um ponto de coleta indicado pelo fabricante.
Pressionados pelos novos lançamentos que a indústria faz num intervalo de tempo cada vez menor, a maioria dos entrevistados (89%), julga que no passado os produtos apresentavam vida útil maior. A pesquisa apontou que televisão e celular foram os produtos mais comprados no último ano.