Durante os dias 20 a 28 de agosto, Ribeirão Preto volta a receber a 21ª Feira Internacional do Livro de Ribeirão Preto. Mantendo a tradição de outras edições, a Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto, organizadora do evento, anuncia os nomes dos sete homenageados.
A seleção dos nomes surgiu com base no tema desta 21ª edição - “Do Caburaí ao Chuí, a força da literatura brasileira”. São sete nomes que buscam trazer para a cidade de Ribeirão Preto a pluralidade da cultura brasileira. São eles: Ariano Suassuna (escritor), Carolina Maria de Jesus (escritora), Daniel Munduruku (autor infantojuvenil), Magda Soares (autor educação), João Augusto (autor local), Isabel Cassanta (professora) e o empresário José Isaac Peres (patrono).
Como homenageados, Ariano Suassuna e Carolina Maria de Jesus são escritores de opostos extremos e abrangentes. O escritor paraibano é marcado por ser um forte defensor da cultura nordestina, traço marcante em sua principal obra, "Auto da Compadecida”. A colaboração de Ariano Suassuna para a cultura brasileira não se limitou apenas em suas obras: o escritor criou em 1970 o Movimento Armorial, com o objetivo de criar uma arte brasileira erudita a partir das raízes e dos elementos da cultura popular. Em 2014, Ariano Suassuna faleceu aos 87 anos, em Recife.
Já a mineira e filha de pais analfabetos, Carolina Maria de Jesus, precisou de apenas dois anos frequentando a escola para aprender a ler e escrever, e despertar o gosto pela leitura. Ela viveu boa parte da vida na favela do Canindé, na zona Norte de São Paulo - ali nasceram seus três filhos, os quais sustentou trabalhando como faxineira, catadora de papel e materiais recicláveis e professora. Uma das primeiras escritoras negras do Brasil reconhecidas, Carolina Maria de Jesus é considerada uma das mais importantes vozes do país. Com sua literatura, ela registrava as condições de miséria em que vivia e enxergava a literatura como forma de sair da invisibilidade social. Suas histórias levaram o cotidiano da periferia para os holofotes da sociedade.
Do nordeste presente nas palavras de Ariano Suassuna, às favelas e denúncias de Carolina Maria de Jesus, a 21ª da FIL será um momento para enaltecer a produção literária do Brasil. “Será um momento de olhar expandido para a literatura nacional. Oportunidade de abrir as cortinas para um desfile de literatos de norte a sul”, alerta a curadora da FIL e vice-presidente da Fundação do Livro e Leitura, Adriana Silva.
HOMENAGENS
Para Magda Soares, autora educação homenageada desta 21ª, o papel da FIL neste momento é levar a leitura a sociedade. “Considero a FIL um evento de grande relevância para a socialização e divulgação da cultura do livro e da leitura, tão fundamentais no esforço de tornar todos os cidadãos deste país leitores. Me sinto honrada pela homenagem e interpreto como um reconhecimento de minha dedicação durante toda a minha vida à formação de leitores por meio de publicações e presença ativa nas escolas públicas brasileiras”, expressa Magda Soares que é professora Emérita da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais.
Para a professora homenageada, Isabel Cassanta, a feira vem atingindo seu objetivo de divulgar o livro e a leitura para cada vez mais brasileiros, auxiliando na formação de cidadãos responsáveis, letrados e críticos. “Quando isso ocorre dentro de uma feira, ela cumpre com o que há de mais democrático em uma sociedade, que é oportunizar o acesso e convidar a todos a vivenciar essas experiências, democratizando a cultura”.
Há também quem classifique a FIL como uma “quinta estação do ano” e que ao mesmo tempo, envolve e acolhe, sem nenhuma distinção. Para o autor local homenageado, João Augusto, a feira proporciona “dias novos, noites prazerosas, amigas, fora do calendário automático que criamos sem amor. São livros, palavras e esperança dentro de cada um de nós”, mostra o poeta lembrando que a “a FIL acontece como um momento único, de semear e colher, de iluminar e aquecer, de perfumar os dias cansados de repetição”, destaca o poeta.
Como autor infantojuvenil, o escritor e um dos principais nomes da literatura indígena no Brasil, Daniel Munduruku, foi eleito pela sua grande participação no cenário da educação. Autor de 52 livros para crianças, jovens e educadores, muitos de seus livros receberam o selo ‘Altamente Recomendável’, outorgado pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ). “A FIL é muito mais importante, do ponto de vista do desenvolvimento do melhor humano, do que as indústrias, as empresas, a macroeconomia. Se queremos uma economia criativa, esse é o caminho”, comenta o autor que é também diretor presidente do Instituto UKA - Casa dos Saberes Ancestrais.
Como patrono desta edição, o escolhido foi o empresário José Isaac Peres, sócio fundador e presidente da Multiplan. Para ele, os projetos e atividades da FIL ajudam a introduzir e alimentar o hábito da leitura em crianças, adolescentes e adultos, ajudando no desenvolvimento da criatividade, imaginação, comunicação, criação de senso crítico e a escrita. “São todas ferramentas indispensáveis para o desenvolvimento da população local. A literatura ajuda a desenvolver a mente humana e estimula uma viagem aos sentidos”.
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